quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Ezequiel 33:1-33 - O VERDADEIRO ATALAIA - A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL - A PRESUNÇÃO E O CASTIGO DE ISRAEL

Para nos situarmos na leitura e não perdemos nosso foco, estamos estudando o livro de Ezequiel composto de 48 capítulos.
Já vimos:
·         Os oráculos de advertência sobre a destruição de Jerusalém (caps. 1-24) – preocupação do profeta com o passado e com o presente de Jerusalém.
·         Uma seção de oráculos contra outras nações (caps. 25-32) – com foco na destruição de outras nações.
E agora, entraremos na terceira e última parte de nossa divisão proposta para o livro de Ezequiel (com foco nas futuras bênçãos de restauração que Judá gozaria após o exílio):
Parte III - FUTURAS BÊNÇÃOS PARA JUDÁ E JERUSALÉM (31.1-48.35).
Ezequiel explicou que, depois que o exílio chegasse ao fim, o templo e Jerusalém seriam gloriosamente restaurados e o povo de Deus seria reunido e abençoado como nunca antes. Seriam as futuras bênçãos para Judá e Jerusalém.
Esta parte III, seguindo a estruturação proposta pela BEG, também dividiremos em duas partes principais: A. A queda e a restauração de Judá (33.1-39.29); e B. A visão de Jerusalém restaurada (40.1-48.35).
A. A queda e a restauração de Judá (33.1-39.29).
Deste até o capítulo 39, estaremos vendo a queda e a restauração de Judá. Ezequiel desenvolverá o tema do futuro de Judá após o exílio em oito seções principais, que serão nossas subdivisões: 1. Ezequiel novamente vocacionado como atalaia (33.1-20) –veremos agora;  2. A queda de Judá e dois grupos de israelitas (33.21-33) –veremos agora; 3. Pastores do passado e do futuro (34.1-31); 4. A condenação de Edom (35.1-15); 5. Urna profecia aos montes de Israel (36.1-38); 6. A ressurreição dos ossos secos (37.1-14); 7. Junção de dois pedaços de madeira (37.15-28); e, 8. Vitória na batalha futura (38.1-39.29).
1. Ezequiel novamente vocacionado como atalaia (33.1-20).
Até o versículo 20, veremos novamente um novo comissionamento na vida de Ezequiel como atalaia.
Ezequiel indicou a sua nova vocação repetindo dois temas importantes de uma porção anterior:
(1)   A reiteração do seu chamado como atalaia (vs. 1-9; cf.3.16-21).
O Senhor se dirige a ele novamente dizendo que o constituíra atalaia sobre à casa de Israel. A Ezequiel é explicado melhor e com ênfase a respeito do seu papel como atalaia vs. 1-9.
Esse papel envolvia responsabilidade por aqueles a quem ele ministrava e o dever de adverti-los a respeito de um risco iminente. A não proclamação dessa advertência o tornaria responsável pelas mortes que dela resultassem.
Se a admoestação fosse ignorada, Ezequiel seria isentado de culpa. Era inimaginável que os moradores de uma cidade ignorassem os gritos de advertência de um atalaia, apesar disso, a palavra de Ezequiel foi amplamente desprezada (3.6-7; cf. Is 22.1-14).
Dos versos 18 ao 21, do capítulo 3 e aqui, no capítulo 33, Deus explica bem em detalhes o seu papel profético, de arauto do Senhor, de pregador do evangelho a toda criatura. Ezequiel não tinha liberdade de escolha, mas era chamado a pregar a palavra de Deus avisando ao justo e avisando ao ímpio, dos desvios comportamentais que trariam sobre eles as consequências devidas de seus atos tresloucados.
Uma vez avisado o ímpio e avisado o justo, o restante do que acontecesse, não seria demandado de Ezequiel, mas daquele que ouviu a palavra de Deus; caso contrário, de Ezequiel seriam cobradas as consequências.
Como já dissemos, não é nada fácil o papel do pregador. O melhor a fazer é não reter a palavra de Deus, mas entregá-la assim que a recebe.
(2)   A ênfase sobre a doutrina da responsabilidade moral individual (vs.10-20; cap. 18).
E quanto à responsabilidade moral de cada um de nós? Seria ela consequência do comportamento santo ou não de nossos pais?
De jeito nenhum. Cada um de nós é responsável pelos seus próprios atos e não pelos atos de seus pais e filhos. Acusar o Senhor de injustiça é como dar um tiro no próprio pé ao dar o primeiro passo e um segundo tiro no outro pé ao tentar dar o segundo. Isso é insano!
Cada um de nós será julgado segundo os nossos próprios caminhos com as seguintes vantagens ou perigos. A palavra é muito clara.
Se alguém que está vivendo em pecado se converter e deixar o pecado, desse pecado, o Senhor não se lembrará mais, mas somente da justiça que ele vier a praticar doravante.
O contrário também é valido e muito válido.
Se alguém que está vivendo em santidade se cansar disso e deixar a santidade, dessa santidade, o Senhor não se lembrará mais, mas somente do pecado que ele vier a praticar doravante.
Veja o verso 18 e 19, como isso é claro: Quando o justo se apartar da sua justiça, praticando a iniquidade, morrerá nela; e, quando o ímpio se converter da sua impiedade, e praticar a retidão e a justiça, por estas viverá.
Vejam que apelo forte o apelo do verso 11 que praticamente introduz esse assunto da responsabilidade individual:Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que morrereis, ó casa de Israel?
Os exilados ouviram as notícias da destruição de Jerusalém (vs. 21); o restante das declarações de Ezequiel sobre Jerusalém antecipava a sua restauração.
2. A queda de Judá e dois grupos de israelitas (33.21-33).
Veremos neste restante do capítulo 33 a queda de Judá e os dois grupos de israelitas.
A destruição de Jerusalém deixou dois grupos distintos aos quais Ezequiel deveria dirigir-se:
·         Aqueles que continuavam a viver nas ruínas.
·         Os que estavam no exílio.
Aos olhos de Deus, nenhum dos dois grupos procedia corretamente.
A palavra anunciando a queda da cidade viera a Ezequiel por meio de alguém que tinha escapado. Ezequiel a registrou, como de costume, incluindo as datas, foi no ano duodécimo ano do cativeiro, no décimo mês e no quinto dia.
Jerusalém foi destruída pelo fogo no undécimo ano do reinado de Joaquim (2Rs 23.8-9; Jr 52.12).
Conforme a BEG, se as notícias não alcançaram os exilados até o décimo mês do duodécimo ano, isso significa que levou um ano e meio para que elas chegassem — muito mais do que o necessário para cobrir a distância entre as duas cidades (cf. Ez 7.9); menos que seis meses seria muito mais provável.
Assim, muitos preferem seguir o registro de alguns textos hebraicos e de uma antiga tradução siríaca nos quais é dito que as notícias chegaram aos exilados no undécimo ano ao invés de duodécimo: a diferença das duas traduções se resume numa simples consoante hebraica.
Ezequiel narra como foi aquele seu dia antes de receber a notícia e ele diz que pela manhã a sua boca tinha se abrido e na tarde, sobre ele esteve a mão do Senhor, antes de receber o que lhe trazia a notícia.
Ezequiel tinha estado silencioso por um longo período; veja as notas sobre 3.24-27; 24.27. As notícias da destruição de Jerusalém estavam para alcançar os exilados, e ele podia falar, então Ezequiel se dirigiu:
(1)   Àqueles que permaneceram em Judá (vs.23-29).
(2)   Àqueles que estavam com ele no exílio (vs. 30-33).
Vejamos o que ele pode dizer a cada um, uma vez que esteve tanto tempo em silêncio.
(1) Àqueles que permaneceram em Judá (vs.23-29).
O verso 23, embora Ezequiel não estivesse mais em silêncio, fala que a ele veio a palavra do Senhor, dirigindo-se a ele, como de costume, como filho do homem.
Deus dizia para ele que os moradores daqueles lugares desertos - aqueles que permaneceram em Judá - afirmavam que se Abraão que era um só homem e possui a terra, quando mais eles, que são muitos, não iriam realizar muito mais? Eles até diziam que o céu seria dado a eles por herança.
No entanto, Deus denuncia a eles, pelo seu profeta, os seus pecados, como o fato de comerem carne com sangue - uma prática proibida em Gn 9.4; Lv 17.10; Dt 12.16.23 – inclinarem-se para ídolos, derramarem sangue, contaminarem a mulher do seu próximo e muitas outras práticas proibidas na lei.
Eles, na verdade confiavam em suas espadas – vs. 26 – mas essas não poderiam livrá-los, nem garantir-lhe as vitórias necessárias. Pelo contrário, Ezequiel deveria dizer-lhes que eles iriam mesmo é cair à espada e os que estiverem nos campos abertos seriam entregues às feras para serem devorados. Já os que escapassem da espada e das feras e estivessem em lugares fortes e em cavernas, a peste os alcançariam – vs. 27.
Com isso a terra seria tornada em desolação e espanto e os montes de Israel ficariam tão desolados que ninguém passaria por eles. É neste momento de desolação, de espanto, de terror por causa de todas as abominações que cometeram, que viriam a saber que o Senhor é Deus – vs. 29.
Bem poderiam saber antes e assim teriam evitado todo esse mal, mas o fato é que também é assim em nossas vidas e quando vamos nos lamentar, já é tarde demais.
(2) Àqueles que estavam com ele no exílio (vs. 30-33).
Deus fala para Ezequiel que ele tinha sido desprezado, mas que agora o povo falava dele junto às paredes e nas portas da casa e cada um falando ao outro e cada um ao seu irmão convidando e dizendo para ouvir qual seja a palavra que procedia do Senhor.
Ezequiel tinha sido ignorado e até ridicularizado, mas agora que os acontecimentos haviam confirmado a verdade de suas palavras, ele tinha se tornado popular. Mas o povo ainda não estava ouvindo com o tipo de cuidado que resulta em arrependimento e obediência (vs. 11).
Eles estavam procurando por Ezequiel por causa da palavra do Senhor, como o povo costuma vir, e se assentavam diante dele como seu povo, e ouviam as suas palavras, mas não as punham por obra; pois com a sua boca professavam muito amor, mas o seu coração, ia somente após o lucro.
Não mais o dispensando como um palrador de parábolas (20.49), os exilados enxergavam Ezequiel como uma fonte de entretenimento. Ouvi-lo tornara-se um meio de preencher uma tarde ou noite ociosa. Eles ouviam a sua palavra, mas não a punham por obra.
O verso 33 completa a palavra profética dizendo que quando isso fosse suceder – e iria se suceder (vs. 27, 28) – saberão, então, tardiamente, infelizmente, que houve ali no meio deles um profeta, um ato da graça, da bondade e da misericórdia de Deus que foi mais uma vez rejeitada e desprezada.

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